sexta-feira, 22 de abril de 2011

Sexta-feira Santa - I

Celebra-se hoje o dia da Paixão de Cristo, que consiste resumidamente na adoração de Jesus crucificado, precedida por uma liturgia da Palavra e seguida pela comunhão eucarística dos participantes com a Hóstia consagrada no dia anterior. Embora não haja propriamente missa, o sacerdote está paramentado como tal, com vestes de cor vermelha simbolizando o sangue dos mártires.
É aconselhado fazer jejum e abstinência durante este dia, não se devendo comer carne, isto, porque a carne era considerada impura, ao passo que se pensava que o peixe nascia de geração espontânea.
Em quase todo o país celebra-se a procissão do Enterro de Cristo, ou do Senhor Morto, como também é conhecida e à tarde, nas igrejas, é rezada a Via-sacra, acompanhando os passos de Jesus até à Sua morte.
O último dia da vida terrena de Jesus começa muito cedo, quando de madrugada, depois de interrogado pelo Sinédrio, que o considera blasfemo e ordena o seu espancamento, é levado pelos sacerdotes do Templo até junto de Pôncio Pilatos, o governador romano da Judeia, representante do Imperador Tibério. Como não lhe achasse culpa e Jesus era galileu, envia-o a Herodes Antipas, tetrarca da Galileia, para que o julgasse.
Os romanos não aplicavam a pena de morte a violações da lei judaica, como era a de blasfémia, além de que se conta que a mulher de Pilatos depois de um sonho que teve pediu ao marido para não condenar Jesus. Herodes zomba de Cristo e pondo-lhe uma bonita capa nos ombros envia-o de novo para o governador romano. Daqui vem a expressão “Andar de Herodes para Pilatos”, significando “andar de um lado para o outro para não ser atendido por nenhum”.
Então Caifás, arranjando testemunhas, acusa Jesus de também se ter proclamado como o Messias, o Rei de Israel que os judeus esperavam, o que já era compreendido pelos romanos como um acto de sedição e punível com a pena de morte. Mesmo assim, Pilatos, que continuava a achá-lo inocente, já que era costume libertar-se um prisioneiro por altura da Páscoa Judaica, manda-o flagelar, apresentando-o depois à população, para que escolhessem entre Jesus e Barrabás, um perigoso assassino.
Para sua consternação, o povo escolhe Barrabás, pedindo a crucificação de Jesus. O governador entrega-O então aos soldados para que assim procedessem.



Calvário - Vasco Fernandes, c. 1530, Óleo sobre madeira de castanho, 242.3 x 239.3 cm. Museu Grão Vasco, Viseu
Vasco Fernandes (Viseu, 1475- 1542), mais conhecido por Grão Vasco, é considerado o principal nome da pintura portuguesa quinhentista. Nasceu provavelmente em Viseu e exerceu a sua actividade artística no Norte de Portugal na primeira metade do século XVI.

"No Calvário, Cristo surge crucificado entre o Bom e o Mau Ladrão, acompanhado na dor pela Virgem desfalecida, Madalena, S. João e duas santas mulheres. À multidão de guardas e carrascos, num espectáculo de expressivo dramatismo, acrescem ainda as cenas do transporte da escada, à esquerda, e o enforcamento de Judas, em escala miniatural, à direita, acompanhado de um pequeno diabo que lhe leva a alma"
Dalila Rodrigues - Roteiro do Museu Grão Vasco, pág. 127, Edições Asa, 2004.

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