É uma festa tradicional cristã cujas origens remontam em parte ao paganismo, celebrada na noite de 30 de Abril para 1 de Maio, também conhecida por noite das bruxas. Hoje em dia é celebrada igualmente quer por comunidades cristãs quer por não cristãs, em diversos países do Norte e Centro da Europa.
Na maioria dos países esta festividade é celebrada em honra de Santa Walpurgis, uma monja anglo-saxónica, que no início do sec. VIII foi evangelizar a Germânia, chamada por S. Bonifácio, sendo eleita em 754 abadessa do convento beneditino de Heidenheim, na Baviera, onde faleceu em 780. Os seus restos mortais foram depositados na parte oca de uma rocha da qual brotava uma espécie de betume, conhecido depois pelo nome de óleo de Walpurgis e que teve a reputação de ser um remédio milagroso. Esta gruta depressa passou a ser objecto de peregrinações, construindo-se ali uma igreja.
Nos países germânicos havia uma crença solidamente estabelecida de que durante a noite de 30 de Abril, os demónios e as bruxas reuniam-se nas montanhas, principalmente na de Blocksberg, no Harz, a que se chamava “Montanha de Walpurgis”, para celebrarem o seu sabbat. Conta a lenda, que, por obra do diabo, a santa foi levada a essa montanha para conhecer de perto essas práticas que ela tanto tinha combatido, mas ao chegar lá, pregou com tanto fervor, que por pouco não converteu o próprio diabo…
Nas tradições celtas, celebrava-se esta noite, o festival de Beltaine (Fogo Benéfico), em honra de Belenos, o deus do fogo, e que marcava o começo da temporada de verão fazendo-se a purificação dos gados, que seriam depois levados para os pastos verdes dos altos das montanhas. Acendiam-se fogueiras no alto dos montes e das colinas e o gado passava por entre elas, para se proteger das doenças e acidentes durante todo o ano. Estes fogos marcavam o triunfo da luz sobre as trevas, esconjurando os maus espírito, e debaixo da sua protecção as pessoas reunidas realizavam os rituais de fertilidade, associados a estes festejos.
No mito irlandês de Cailleach Bheur, uma bruxa invernosa de cor azul, também chamada de Senhora Repugnante, aprisionou a namorada da Primavera e destinou-lhe a difícil tarefa de lavar um novelo de lã castanha até ele ficar branco. A Primavera tentou combater a velha, mas como não a conseguiu vencer, pediu ajuda ao Sol, que atirando uma lança, obrigou a velha a refugiar-se debaixo de um tufo de azevinho, e assim a jovem foi libertada. Não é mais que a deusa na sua tripla forma de virgem, mãe e velha, em que neste duelo, a sua forma “repugnante” se limita a desaparecer no Beltane (30 de Abril), para retornar no Samadh (31 de Outubro).
Beltane, recuperada por S. Patrício, foi convertida na Vigília Pascal.
Com o advento do Cristianismo, a festa de Santa Walpurgis a 25 de Fevereiro, foi mudada para 1 de Maio, passando a ser considerada a protectora desta noite. Com o correr do tempo, as duas celebrações ter-se-ão confundido, dando assim origem às festividades de hoje em dia, onde é costume acenderem-se grandes fogueiras de modo a afugentar espíritos malignos e almas penadas, os quais segundo a crença popular, vagueiam nesta altura por entre os vivos e onde às vezes se queima um boneco que representa uma bruxa.
No nosso país nesta noite, colocam-se nas portas as flores de giesta, ou as “maias”, para que as casas estejam protegidas quando começar o dia evitando assim que o “Maio” que também se chama “Carrapato” ou “Burro”, não entrem.
Nalgumas regiões de França, colhe-se durante a noite, o “matagot”, isto é a “erva da serpente” ou o selo-de-salomão (flor-da-felicidade azul), ou apanha-se o orvalho de madrugada, porque é bom para a pele.
Na Finlândia, é uma espécie de festa carnavalesca onde se come e bebe bastante e que se prolonga pelo dia 1, considerado o 3º maior feriado finlandês.
Fontes: Markale, Jean – O Cristianismo Celta
Husain, Shahrukh – Divindades Femininas